quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pensamentos soltos

Tenho tanta coisa para escrever que nem sei por onde começar! Se fosse uma amiga a dizer-me isto ,o meu conselho para ela seria, escolhe uma só coisa e começa a partir dai, porque o resto depois irá fluir.
A vida tem coisas engraçadas que por vezes nem nos apercebemos!  Ando eu há uns belos meses a pensar que me apetece ir para um retiro do silencio, onde não haja palavras, só e unicamente o som da natureza e do meu Tico e Teco a darem opiniões pouco interessantes relativamente ao que ando a fazer com a minha vida nestes últimos meses! E dou por mim a escrever este post no campo, sentada na relva e a ouvir (quase que unicamente) o que eu queria mesmo, o som da natureza e dos respectivos Tico e Teco!
Como é que uma pessoa anda tão focada a pensar no que não tem e que gostaria de ter e não consegue ver o que tem mesmo ao seu alcance? Nos últimos meses devido à minha situação financeira actual e à situação do país tenho andado tão focada nas preocupações no que não tenho que me esqueço completamente que tenho muita coisa pela qual me esqueço de agradecer. Tenho uma casa para morar,(ainda que seja a casa dos meus pais, as pessoas que mais adoro neste mundo!) vivo no campo (sempre disse que não sou rapariga da cidade, não sou cosmopolita, não gosto daquele stress) tenho liberdade, tenho amigos, tenho uns pais que não me criticam e nem me julgam por estar a enfrentar este processo e tenho muitas  mais coisas pelas quais agradecer e esqueço-me disso mesmo!
Por vezes precisamos de parar para podermos reflectir um pouco sobre tudo o que nos acontece! Levamos a vida inteira a tentar sermos perfeitos (por vezes mais para os outros que para nós) que nem nos apercebemos que ao tentarmos atingir isso mesmo, acabamos por provocar o efeito oposto, mentimos para agradar, ludibriamos durante anos a fio que sem nos apercebermos que fica entranhado na nossa maneira de ser e quando damos por isso é muito complicado voltar a desmontar toda aquela camada que se foi criando à nossa volta. O pior é que quando queremos desmontar a capa, o medo aparece em força e coloca-te à prova, ele testa-te se estás capaz de enfrentar tudo e todos (principalmente a ti) e tens coragem de admitir que não és aquela pessoa que pensavas e pensavam que eras! Que tens medo, que mentes, que não és perfeita, que não tens tudo o que queres, que não és feliz, que erraste, que tens, como uma amiga minha me disse ontem, muitos podres!
Cada vez mais tenho a certeza que nunca nada acontece por acaso e que tudo tem uma razão de ser sempre com o objectivo de nos tornar pessoas mais maduras e melhores, talvez seja por isso que ultimamente me tenho recordado muito da minha infância, do nada surgem memórias, cheiros, sons que me reportam a essa época onde o menos era mais. Menos preocupações com o quero ter, mais brincadeira, menos necessidade de controlo, mais felicidade, menos mentira para agradar, mais carinho,liberdade e amor incondicional.
Por isso deixo-vos aqui uma sugestão, quando sentirem que os vossos problemas e preocupações estão a tomar conta de vocês, fechem os olhos, parem por um momento e recordem todos os recantos, cheiros, texturas de onde foram felizes e vejam como o eram, resgatem essa sensação e vão ver que se sentem mais leves ;)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tu

Já te vi, sei quem tu és,
mas duvido que saibas quem sou!
Quero muito conhecer-te, conhecer a tua energia, 
a tua essência, o teu ser.
Quero poder mostrar-te o meu mundo, 
conhecer o teu.
Mostrar-te o meu recanto, 
contar-te os meus medos, saber os teus.
Ver para lá dos outros, 
descobrir o que está escondido da vista
aquilo que só o coração percebe.
Quero,
Só sei dizer QUERO, 
porque é isso que hoje sinto.
Quero que me olhes nos olhos 
e reconheças a minha essência
e que digas "finalmente cheguei a casa!"
Quero poder dizer
Chegaste.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Liberdade

Ser livre é querer ir sem ter um rumo
é ir sem ter medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo,
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir até ao fim.

Armando Rodrigues (1904-1993)

Disparos